Em junho, aconteceu mais uma edição do propjeto A Hora da Leitura.
Para este mês, o texto selecionado foi João Cândido e os cem anos da Revolra da Chibata. Escolha de caráter muito especial por tratar-se de um texto produzido pela aluna Richelen da Silva Araujo, da turma 3001, concluinte em 2010. O texto em questão foi publicado pela CEAP depois de participar de um concurso de redação no ano do centenárioda Revolata da Chibata.
A escolha ainda se deu tendo em vista o atendimento à Lei 10.639/03 que trata da História e da Cultura Afrodescendente no Brasil.
As atividades variaram de acordo com o nível e das escolhas dos professores regentes das turmas.
Vamos conhecer o texto de nossa aluna richelen?
João
Cândido e os cem anos da Revolta da Chibata (Richelen da Silva
Araújo[1])
Passados cem anos da
Revolta da Chibata, um grupo de negros valorosos que lutavam contra os castigos
físicos sofridos pelos marinheiros nos deixou um grande legado: um herói
chamado João Cândido.
Símbolo
da luta pelos direitos e contra a opressão, o Almirante Negro, representa o
valor da luta pela dignidade humana, por sua garra, determinação e por ter se
entregado com amor à causa sem medo das conseqüências, tomando a
responsabilidade e a liderança de uma rebelião que tinha como objetivos
melhores condições de vida para si e para seus companheiros. E mais, ainda que
soubesse o enorme risco que corria, o de perder a própria vida, liderou uma das
maiores rebeliões que já aconteceram no Brasil.
Suas
ações nos mostraram que as conquistas não acontecem pelo reconhecimento de
outros, mas que elas acontecem pela organização, pela coragem, pela organização
e, principalmente, pela capacidade de liderança de alguns poucos.
Ao
enfrentar sem temor a crueldade e os abusos dos castigos corporais a que ele e
seus companheiros eram submetidos e resistindo às punições impostas por seus
superiores na Marinha, João Cândido nos propõe a reflexão sobre nosso papel
diante das adversidades e sobre até onde devemos ir na defesa dos direitos de
liberdade e da defesa da dignidade humana. Sua resposta a esse questionamento
veio no eco do som dos canhões anunciando sua coragem para lutar bravamente
contra seus opressores.
O
tempo passou, os castigos físicos permitidos pela lei agora são crime, mas a
chibata agora se esconde em formas mais sutis de violência. Ela continua
presente na exclusão social, na humilhação dos salários que continuam baixos e
nas péssimas condições de vida e, principalmente pelo pior, o preconceito
não-declarado.
Para
essa geração deixou a herança de que não devemos nos submeter às forças que nos
aprisionam e que, de cabeça erguida, devemos acreditar em nossos ideais, lutar
por nossos direitos, que não podemos ser condenados por defender nossa forma de
pensar, e que todos devemos encontrar um meio de melhorar nossa realidade,
exigindo a eliminação das desigualdades sociais. Deixou também a certeza de que
todos têm direito à vida com dignidade, pagamento justo pelo seu trabalho e que
a tortura e o desrespeito à condição humana são absurdos que não devem ser
aceitos como fatos naturais.
Assim,
não pelas suas conquistas que pareciam pequenas se considerarmos o preço que
pagou e pelas punições que recebeu, mas pelo seu exemplo, ele pode ser
considerado um dos maiores líderes e um verdadeiro herói da História do Brasil.
REFERÊNCIA:ARAÚJO.
Richelen da Silva. João Cândido e os cem
anos da Revolta da Chibata. In: O silêncio da Chibata: redações de uma
revolta na História. – Org. ele Semog. – Rio de Janeiro: CEAP, 2010.