18 de março de 2011

Projeto A Hora da Leitura

Neste dia 18 de março aconteceu a primeira A Hora da Leitura.
Nosso projeto que, envolvendo toda a comunidade interna escolar, tem com um dos principais objetivos criar um ambiente lúdico e prazeroso de leitura aconteceu no primeiro tempo de aula de cada turno de modo a que todos os presentes na unidade escolar naquele momento estivessem vivenciando a mesma experiência de leitura.
O texto escolhido, indicado pelo professor Daniel André, foi Do Diário do Imperador, de Cecília Meireles.
Para o desenvolvimento da atividade, cada professor teve a oportunidade de escolher a melhor estratégia a ser aplicada, considerando-se as características de sua turma.
Leia o texto e a sugestão de roteiro de leitura:
Texto: Do diário do imperador
Acabo de ler o diário do Imperador Dom Pedro II, escrito exatamente há um século. Por essas pequenas anotações, pode-se acompanhar um ano da sua vida, amostra suficiente das dificuldades com que o Brasil tem lutado sempre para entrar no bom caminho, para melancolia e desânimo de seus mais devotados servidores.
Assim mesmo se exprimia o imperador: "Mui­tas coisas me desgostam; mas não posso logo remediá-las e isso aflige-me profundamente. Se ao menos eu pudesse fazer constar geralmente como penso! Mas para quê - se tão poucos acredita­riam nos embaraços que encontro para que eu faça o que julgo acertado! Há muita falta de zelo. e o amor da pátria só é uma palavra - para a maior parte !"
A respeito de certo boato que se espalhara, comenta, com desgosto: "Tudo inventam; e triste política é a que vive de semelhantes embustes quando tantos meios honestos havia de fazer opo­sição: mas para isso é necessário estudar as neces­sidades da nação - e onde está o "zelo?"
(A palavra "zelo" ocorre numerosas vezes neste diário: é essa "dedicação ardente", essa "diligên­cia", que o imperador não encontra na maior parte dos que, no entanto, por função, estão encarre­gados dos problemas nacionais, E isso lhe causa sofrimento.)
Os moços de hoje deviam ler estas palavras, e entendê-las: "Na educação da mocidade é que sobretudo confio para a regeneração da pátria. Gritam que se não pôde chegar ao poder senão fazendo oposição como a fazem; mas, quando no poder, não sofrem do mal que fomentaram? A imprensa é inteiramente livre, como julgo deva ser, e na Câmara e no Senado a oposição tem repre­sentantes; mas que fazem estes pela maior parte?"
Os homens públicos deviam também meditar sobre esta passagem: " ... Mas tudo custa a fazer em nossa terra e a instabilidade do ministério não dá tempo aos ministros para iniciarem, depois do necessário estudo, as medidas mais urgentes. É preciso trabalhar, e vejo que não se fala quase senão em política, que é, as mais das vezes, guerra entre interesses individuais".
Há neste pequeno diário, de um ano e cinco dias, variadas observações sobre agricultura, tea­tro, ciência, educação; impressões de visitas a dife­rentes estabelecimentos educacionais e industriais; breves apontamentos sobre ministros e personali­dades do tempo. Terminada a leitura, parece-nos que estamos na mesma, que o século não passou; apenas as pessoas mudaram de nome. Tanto vagar para as coisas mais urgentes! Tantas lutas mesquinhas em todos os bastidores! Tantas rivalidades, invejas, palavras capciosas, intriguinhas sórdidas! E o imperador, há cem anos, escrevendo: "A falta de zelo; a falta de sentimento do dever é nosso pri­meiro defeito moral. Força é contudo aceitar suas conseqüências, procurando, aliás, destruir esse mal que nos vai tornando tão fracos".
Dom Pedro II deixou fama de sabedoria, e comparando-se as modestas (mas importantís­simas) observações de seu diário com a verbor­ragia demagógica de que ainda somos vítimas, e dos males que a acompanham, compreende-se que muita gente desesperada até pense em tornar-se monarquista.
Mas convém não esquecer estas palavras do próprio imperador: "Nasci para consagrar-me às letras e às ciências; e, a ocupar posição política, preferiria a de presidente da República ou ministro à de imperador".
Sejamos, pois, republicanos, democratas, estudiosos, honestos, justiceiros, e cultivemos o zelo de bem servir à pátria, aos homens, às instituições. Neste particular, estamos com um século de atraso.
(MEIRELES, Cecília. Escolha o seu sonho. – Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1961)
HORA DA LEITURA
1 – Identificação da Obra
Autor:                                                                      Título:
Editora                                       Cidade da publicação:                            Ano de publicação:

2 – Leitura Deleite (Contato com o texto).
3 – Que sentimentos foram provocados pelo texto? (Impressões pessoais provocadas pela leitura do texto).
4 – Qual a mensagem apresentada no texto? (Identificação e fixação mediada do tema).
5 – Qual a opinião do autor sobre o tema apresentado? Que argumentos ele utilizou para defender seu ponto de vista?  (Leitura reflexiva norteada pelo tema e identificação do ponto de vista e da argumentação apresentada pelo autor).
6 – Qual a sua opinião sobre o tema tratado no texto? Você concorda ou discorda do autor? Por quê? (Expressão crítica do leitor sobre o tema apresentado pelo texto e pelo autor).

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